16 de ago. de 2010

Dissertação de Mestrado: A importância do Aquífero Cárstico em Almirante Tamandaré/PR

Dissertação de Mestrado: A importância do Aquífero Cárstico em Almirante Tamandaré, Paraná, como recurso estratégico na gestão urbana e regional

Os aquíferos subterrâneos são reconhecidos na atualidade como importantes fontes de abastecimento das atividades humanas com água de excelente qualidade, necessitando de mínimos investimentos no seu tratamento, ou mesmo como fontes alternativas altamente disponíveis de água para o abastecimento público simples, com baixo custo. As áreas de influência do Aquífero Carste na cidade de Almirante Tamandaré, localizada na região metropolitana de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil, foram restringidas para os assentamentos urbanos em razão do processo de dissolução das rochas carbonáticas, que pode ser acelerado pelo uso inapropriado do solo, especialmente pelo aumento da acidez da água bem como pela alteração na dinâmica de circulação das águas subterrâneas. Deve-se enfatizar que os colapsos de solo podem ocorrer sem sinais prévios, causando sérios acidentes potenciais nas áreas urbanas construídas sobre o carste. A poluição do Aquífero Cárstico em Almirante Tamandaré está primordialmente relacionado ao uso do solo. As principais fontes de contaminação são: lançamento de esgotos domésticos e industriais, aterros sanitários urbanos, cemitérios, produtos das atividades agrícolas (fertilizantes e agroquímicos), bem como hidrocarbonetos de combustíveis automotivos e óleos minerais. O foco no Aquífero Cárstico de Almirante Tamandaré é justificável, considerando o interesse do uso destas águas como uma reserva estratégica para o abastecimento humano em escala regional, e porque esta formação ocupa aproximadamente 85% (166 km²) do seu território. De acordo com o Departamento Municipal de Planejamento Urbano, 30% da população de Almirante Tamandaré está assentada sobre o aquífero e, de acordo com a última contagem populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, este número significa algo próximo a 93 mil habitantes. O principal objetivo do trabalho foi o de identificar a percepção da população de Almirante Tamandaré e do governo local sobre a importância do aquífero para a municipalidade. A pesquisa está baseada na hipótese de que a presença do Aquífero Carste no município é visto mais como um obstáculo à gestão urbana, do que como um potencial estratégico para o desenvolvimento urbano sustentável. Os resultados mostraram: uma população de baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo vivendo em uma região de alto crescimento demográfico; falta de infra-estrutura urbana especialmente de serviços de saúde e de saneamento; problemas ambientais causados pela ocupação do solo sobre o aqüífero carste e pela necessidade de proteção das fontes de abastecimento das águas; ausência de um planejamento territorial adequado, não simplesmente distribuindo a população na área urbana, mas considerando as fragilidades naturais do solo como condicionantes da sua ocupação. Neste contexto, a população não está preocupada pela presença do Aquífero Carste no município (68%) e por isso o está ausente das preocupações diárias de uma parte significante da população. O estudo mostrou também que parte da população entrevistada em Almirante Tamandaré (32% que afirmou conhecer ou ter ouvido falar do aquífero) reconhece a importância do Aquífero Carste e da sua preservação, deixando esta responsabilidade para todos os atores sociais incluindo a si mesmo, as instituições governamentais e o setor privado. Entretanto, mesmo reconhecendo sua importância, o aquífero não representa um papel importante no imaginário coletivo da população. Consideram que as atividades dos moradores não contribuem para a degradação deste patrimônio. Desse modo, as pessoas agem como se o aquífero não existisse e inconscientemente podem causar impactos a este recurso natural, de maneira não intencional. Em relação à percepção dos administradores locais, pode ser observado que a presença das áreas cársticas é, em primeiro lugar, uma obrigação para com a sua conservação e, além disso, um potencial futuro que pode não estar sendo explorado adequadamente. Acima de tudo, os respondentes acreditam que é possível assegurar a sustentabilidade do aquífero com o atual modelo de desenvolvimento (crescimento) urbano, por meio das considerações estabelecidas no Plano Diretor Municipal o qual prevê: a ocupação do território respeitando a sua fragilidade geológica e geotécnica; atividades de educação ambiental; o desenvolvimento do potencial turístico da região; o desenvolvimento de Estudos de Impacto Ambiental (EIA) com a participação social; o desenvolvimento da agricultura orgânica, bem como a universalização de sistemas de coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais em áreas cársticas. Desta forma, verifica-se que a problemática do carste em Almirante Tamandaré deverá ser resolvida por meio de uma gestão integrada sob a ótica de várias dimensões de análise, de modo que não se torne um espaço insustentável com entraves ao desenvolvimento da cidade, mas sim uma verdadeira potencialidade para amplas intervenções a favor das atuais e futuras gerações.

SOLENIDADE DE ENTREGA DOS CERTIFICADOS AOS ALUNOS QUE PARTICIPARAM DA APLICAÇÃO DOS FORMULÁRIOS DE PERCEPÇÃO (01/08/08)

Daniele Costacurta Gasparin: Engenheira Ambiental em 2005 e Mestre em Gestão Urbana em 2009 pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Trabalha na Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Almirante Tamandaré, Estado do Paraná, Brasil.

Contato: danigasparin@gmail.com

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